janeiro 06, 2018

O Grande Enigma de Tomas Tranströmer


Colectânea de poemas de um autor que, segundo o próprio, é conhecido pela sua “pouca produtividade literária”. Com efeito, Tranströmer, vencedor do Nobel em 2011 pelas “suas imagens condensadas e translúcidas que nos dão um novo acesso à realidade”, escreveu pouco mais de uma dezena de livros de poesia, mas está traduzido em mais de 50 línguas. O Grande Enigma são cinco pequenos poemas e vários haiku (note-se que são haiku feitos à moda sueca, adaptando esta forma japonesa, o que, em versões traduzidas, nos transporta, ainda para um terceiro universo linguístico!). A estrutura simples e silábica surpreende porque consegue encaixar em si uma profundidade que não necessita de arranjos barrocos. 
 
A vida de Tranströmer foi peculiar, como a de todos os homens notáveis. Educado apenas pela mãe numa melancólica ilhota da Suécia, formou-se em Psicologia e Literatura. Trabalhou como psicólogo num casa de correcção juvenil, o que mais acentuou a sua veia trágica e nostálgica. Mais tarde, sofreu um AVC que lhe deixou paralisado o lado direito do corpo e o impossibilitou de falar. Mas Tranströmer, lutador por natureza e por experiência de vida, continuou a escrever poesia e a tocar piano, auto-ensinando-se a fazer ambos apenas com a mão esquerda, de modo tão notável que chegou a dar recitais líricos. Na Suécia, alcunharam-no de “poeta milhafre” (buzzard poet) pois dizem que a sua poesia perspectiva o mundo como se ele planasse em grandes alturas. 
 
 

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