abril 29, 2019

Islândia é o melhor país para as mulheres viverem, diz Fórum Econômico Mundial

 Islândia é o melhor país para as mulheres viverem, diz Fórum Econômico Mundial


Nenhum país do mundo é melhor para as mulheres viverem do que a Islândia. Lá estão os menores índices de desigualdade de gênero na política, na economia e na sociedade, segundo o mais recente relatório sobre o tema elaborado pelo Fórum Econômico Mundial.

Publicado pela primeira vez em 2006, o estudo mede as disparidades entre homens e mulheres ao analisar itens como participação econômica, política, desempenho educacional, saúde e expectativa de vida. A edição mais recente da pesquisa, de dezembro, avaliou, ao todo, 149 países.

Os escandinavos brilharam no ranking. Além do primeiro lugar islandês - posição em que o país figura, ininterruptamente, há uma década -, Noruega, Suécia e Finlândia apareceram, respectivamente, na segunda, terceira e quarta posições (embora não tenha aparecido entre os dez primeiros, a Dinamarca, em 13º, também ficou em boa posição). O Brasil apareceu em 95º lugar e o Iêmen, em último.

Embora tenha havido uma leve redução na desigualdade de gênero entre 2017 e 2018 no mundo, os responsáveis pelo estudo alertam que a evolução tem ocorrido de forma cada vez mais lenta. Desde 2006, as lacunas nas desigualdades de gênero foram reduzidas em 3,6%. No ano passado, no entanto, a diminuição foi de apenas 0,03%.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, caso o ritmo se mantenha, serão necessários 108 anos para acabar com as lacunas em escala global. Essa nova estimativa é oito anos mais dilatada que a feita em 2017. “Embora o progresso continue em um ritmo muito lento, o fato de a maioria dos países caminhar para mais igualdade recompensa os esforços” no desenvolvimento de políticas que permitirão “alcançar o quinto objetivo de desenvolvimento sustentável da ONU: a igualdade de género”, diz o relatório.

A desigualdade entre homens e mulheres no quesito oportunidades econômicas é a que levará mais tempo para ser completamente eliminada: serão necessários 202 anos, de acordo com o estudo. As mulheres continuam a ser minoria em cargos de gerência e chefia nas empresas - no mundo, apenas um terço (34%) dos gestores são mulheres. O índice mostra ainda um desequilíbrio expressivo em áreas relacionadas com a inteligência artificial, nas quais apenas 23% dos profissionais são mulheres.

Na participação política, serão precisos mais 107 anos para que se eliminem as desigualdades, estimam os autores do relatório. Esse dado é reflexo do baixo número de mulheres em cargos políticos, principalmente como chefes de Estado: apenas 18% dos ministros são mulheres e, em seis dos 149 países avaliados, não há uma só mulher nos ministérios. A propósito, desde 2017, os islandeses são governados pela primeira-ministra Katrín Jakobsdóttir.


FONTE: https://www.scandinavianway.com.br/noticias/post/116/islandia-e-o-melhor-pais-para-as-mulheres-viverem-diz-forum-economico-mundial

abril 01, 2019

O cinema dinamarquês é um dos mais premiados do mundo na atualidade


 O cinema dinamarquês é um dos mais premiados do mundo na atualidade

 

O mundo conheceu (24/2) os vencedores da 91ª edição do Oscar, o prêmio mais importante da indústria do cinema. O dinamarquês Culpa (no original, Den Skyldige), do diretor sueco Gustav Möller, figurou na pré-lista de indicados à estatueta de melhor filme estrangeiro, mas acabou não entrando na relação final. Esse fato não tira o mérito nem da obra (foto) - vencedora, entre outros, do Festival de Sundance, meca do cinema independente - nem da indústria dinamarquesa de audiovisuais; entre outros feitos, o país foi o recordista de indicações ao Oscar de filme estrangeiro entre 2006 e 2018, com um total de seis indicações nesse período, segundo levantamento feito pelo Scandinavian Way.

Qual o segredo do sucesso dinamarquês? Diretores de filmes dinamarqueses que ganharam fama internacional, como Lars von Trier, Bille August, Thomas Winterberg e Nicolas Winding Refn, certamente merecem todos os elogios que recebem, mas igualmente determinante para o sucesso do cinemado país é seu modelo de organização, no qual a colaboração é o ponto central. A Escola Nacional de Cinema da Dinamarca e o Instituto de Cinema Dinamarquês criaram uma estrutura mais horizontal e uma liderança mais coletiva do que a vista em Hollywood ou mesmo em pesos pesados do cinema europeu.

Segundo registra o site Science Nordic, essas conclusões apareceram na pesquisa "A Organização Socioeconômica das Indústrias Criativas". "Na clássica tradição cinematográfica europeia - a chamada teoria do autor -, uma pessoa surge com a ideia, escreve o roteiro e dirige o filme", diz o pesquisador Chris Mathieu, professor associado do Departamento de Organização da Copenhagen Business School e afiliado ao Departamento de Sociologia da Universidade de Lund, na Suécia. “Em Hollywood, por outro lado, o estúdio é o ator principal. Ali está o produtor que contrata um diretor para realizar uma ideia, e a autoria é mais coletiva, com opções sendo testadas por meio de pesquisa de mercado.”

Já na Dinamarca, afirma o pesquisador, diretor e produtor compartilham a responsabilidade com o roteirista em uma equipe criativa. O peso desses atores é equivalente. Nas entrevistas com profissionais dinamarqueses que trabalharam no exterior, Mathieu ouviu deles que a maneira dinamarquesa de fazer filmes é única porque os membros da equipe de filmagem têm a oportunidade de ter suas vozes ouvidas e ter influência sobre o resultado final do filme.

A diferença entre filmes europeus e americanos é muitas vezes colocada na dicotomia sucesso artístico versus sucesso comercial. Mas, segundo o pesquisador, os filmes dinamarqueses não se encaixam nessa visão polarizada. “A indústria cinematográfica dinamarquesa quer vender ingressos, é claro, mas o ganho financeiro não é a única métrica avaliada. Há também um valor central em atingir um grande público para transmitir uma mensagem. Afinal, os filmes são parcialmente financiados pelo Estado."

Financiamento público - mas só se o filme for bom Sim, existe também dinheiro público por trás do sucesso do cinema dinamarquês. O país criou o Danish Film Agreement, uma linha de financiamento de obras cinematográficas que ajudou a colocar de pé projetos como o próprio Culpa, elogiado em todo o mundo - o jornal britânico The Guardian chamou o suspense dinamarquês de "aula de cinema".

A linha de financiamento foi renovada em novembro e terá validade até 2023. Ao todo, o investimento nesse período será de 560 milhõs de coroas dinamarquesas (ou cerca de R$ 320 milhões). O programa continuará financiando obras de orçamento mais enxuto (entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões), como Culpa, mas, em uma adaptação à demanda do público, também passou a ter maior margem de manobra, com a possibilidade de financiar obras que custam entre R$ 25 milhões e R$ 33 milhões.

"É importante fazermos isso. A medida pode nos ajudar a aumentar os resultados nas bilheterias", diz Claus Ladegaard, CEO do Danish Film Agreement, segundo registra o site Cineuropa. "Além disso, os diretores dinamarqueses agora não precisam ir para o exterior para trabalhar com obras de orçamento mais elevado. Da forma como estava, a lei era muito restritiva."

O apoio do poder público assegura um complemento para o financiamento das obras, e o sistema de colaboração prevê releituras sucessivas dos roteiros até que a melhor versão possível da história seja apresentada aos financiadores. Assim, recebem recursos os projetos já atestados como de primeira linha. Em outras palavras, só recebe dinheiro um filme bom; enquanto não estiver bom (e quem diz isso são os próprios integrantes da indústria), o roteiro continuará sendo refeito e relido.

“É claro que os cineastas dinamarqueses competem uns com os outros, mas também existe a consciência de que o sucesso e a continuidade do cinema dinamarquês são de interesse de toda a indústria", diz o pesquisador Chris Mathieu. "Em muitos aspectos, isso se assemelha ao mundo do futebol: você pode ser fã de um time de futebol dinamarquês em particular, mas ainda quer que a seleção nacional dinamarquesa se dê bem."

Em tempo: depois de aclamado pela crítica, pelo público e, claro, por quem faz a indústria cinematográfica dinamarquesa, Culpa (que estava em cartaz no Brasil até o início de fevereiro e acabou de entrar no catálogo do Now, serviço de streaming da operadora NET) conquistou também o coração de Hollywood: a história de um policial que atende uma chamada de emergência e corre contra o tempo para salvar uma mulher sequestrada ganhará uma versão americana, estrelada por Jake Gyllenhaal.

FONTE: https://www.scandinavianway.com.br/noticias/post/135/o-cinema-dinamarques-e-um-dos-mais-premiados-do-mundo-na-atualidade-qual-o-segredo