abril 26, 2012

Grupo sueco de pop rock toca em Curitiba, 
SP, Rio, Brasília e Recife. 
Banda, que tem hits como 'How do you do', 
veio ao país neste ano.


  Após tocar no Brasil neste ano, foi anunciada uma nova turnê brasileira do grupo sueco Roxette em maio de 2012. Eles irão se apresentar em cinco cidades. Os shows acontecem em Curitiba, dia 8, no Teatro do Positivo; São Paulo, dia 10, no Credicard Hall; Rio de Janeiro, dia 12, Citibank Hall; Brasília, 15, no Ginásio Nilson Nelson; e Recife, 18, no Chevrolet Hall. Valores de ingressos serão divulgados em breve. O disco mais recente da banda é "Charm school", que foi lançado no início deste ano, e eles já preparam novo CD. Em março de 2012, um álbum chamado "T2-Tourism 2" será lançado. A banda tem hits como "It Must Have Been Love", "Listen to your Heart", "Spending my Time" e "How do you Do".


 http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2011/12/roxette-retorna-ao-brasil-para-shows-em-cinco-cidades-em-maio.html

abril 18, 2012

KNUT ØDEGÅRD

  KNUT ØDEGÅRD

Natural de Molde , Noruega. A religião católica, do ponto de vista do crente, é o principal assunto da sua poesia. Publicou o primeiro livro de poemas em 1967, tendo desde então editado poesia, ficção e teatro, bem como outros livros cujo tema é a vizinha Islândia. Organizador do importante festival de poesia escandinava de Bjørnson, divide o seu tempo entre Molde e Reiquejavique, na Islândia (a naturalidade da sua mulher), onde foi embaixador. Ødegård é atualmente Cônsul Geral da Macedónia na Noruega. Brian McNeil traduziu para inglês, para a irlandesa Dedalus Press (2009), os seus Selected Poems, de onde verti para português este impagável poema. Brilhante.



PADRE


O Tio Knut era padre.
Era um homem prático, mas para ele
o Latim era Grego.
Morreu depois da reforma, estava
a escavar o local para a sua casa nova
quando o coração deu de si.

Mais um eletricista
que um pregador, começava sempre a homilia
dizendo: "Não sou muito de discursos"
e quanto a isso estava certo.

Realmente não tinha muito a ensinar
aos paroquianos, eles tinham seus próprios problemas
com os nascimentos, o amor, com as mortes,
e ele não possuía palavras para tais coisas.

Mas aprendera como consertar
fios elétricos e visitava as gentes em suas casas
e reparava curtos-circuitos e caixas
de fusíveis com defeito, atarraxava lâmpadas no sítio

e onde quer que ele tivesse estado, havia luz.

abril 10, 2012

Um porto repleto de humanismo

Em "O Porto", o diretor finlandês Aki Kaurismaki
expressa o real significado do humanismo



O cineasta finlandês Aki Kaurismaki, 57, juntamente com o seu irmão Mika, começou a fazer cinema em 1981. Naquele ano, Kaurismaki dirigiu um documentário sobre a turnê de três bandas de rock de seu país em um barco a vapor - "Saimaa-ilmiö". Nada mais simples.

Dois anos depois, adaptou o clássico romance "Crime e Castigo", de Fiodor Dostoievski (1821 - 1881), para a realidade de Helsinki. Ganhador do Jussi Awards, o Oscar da Finlândia, de direção e roteiro, deu início, praticamente, do que hoje chamamos de novo cinema finlandês. A produtora montada pelos irmãos, a Villealpha - cujo nome é uma homenagem ao francês Jean Luc Godard e seu magistral "Alphaville" (1965) -, dos anos 80 até agora, tem sido responsável por uma cifra invejável: um quinto dos filmes realizados no país.

Ao longo desse tempo eles produziram 36 filmes, entre longas de ficção, documentários e curtas-metragens. Dos 15 longas dirigidos por Aki, chegaram ao circuito de arte brasileiro somente o citado "Crime e Castigo", "Os Cowboys de Lenigrado vão Para a América" (1989), "A Mocinha da Caixa de Fósforos" (1990), "O Homem sem Passado" (2002) e "Cada um com o Seu Cinema" (2007) - este, um filme coletivo no qual Aki dirigiu o episódio "La Fonderie".

Realizado no ano passado, "O Porto" é a mais recente pérola saída da Villealpha. Não admira que tenha conquistado, no ano passado, nada menos de 16 nomeações a prêmios, incluindo a Palma de Ouro em Cannes, de onde saiu o prêmio da crítica internacional, primeira das 13 premiações que receberia ao longo de sua temporada.

"O Porto" chega ao Brasil graças à Imovision, a ousada distribuidora de Jean-Thomas Bernardini, também responsável pela vinda do documentário "Pina 3D", de Wim Wenders. Trata-se de uma das criações mais belas e singelas do cinema. Uma ode ao humanismo.

E é esse caráter humanista extravasado em "O Porto" o elemento de surpresa. Há algum tempo Aki, em entrevista, fez uma revelação, dura, tanto de sua decepção quanto de desencanto. "Eu gosto de cães. A humanidade, eu não me importo mais. Eu deveria gostar da humanidade, porque faço parte dela, mas eu prefiro cães. Eles são honestos e não mentem", disse.

A afirmação, levada ao pé da letra e inserida em "O Porto" podemos interpretá-la como uma mensagem de Aki dizendo "eu gostaria que fôssemos assim". Porque, o que dá sentido e trafega por dentro de "O Porto" é o humanismo. E é esse humanismo que nos carrega para dentro do filme nos dando uma sensação danada de que precisamos ser assim mesmo, bons, generosos, caridosos, e colocarmos o amor ao outro acima de qualquer outro ideal. Um porto de humanismo.

Encontro

Kaurismaki conta a história de Marcel Marx (André Wilms), um idoso que sobrevive como engraxate na cidade portuária de Le Havre, na França. Sua rotina é quebrada quando decide ajudar um garoto africano, Idrissa (Blondin Miguel), fugitivo da polícia.

Descoberto com dezenas de outros imigrantes no interior de um cargueiro, ao fugir da polícia, Marcel o acolhe das ruas. E esse acolhimento vai fazer toda a comunidade mudar a visão que tinha dele.

Ao mesmo tempo, a sua mulher, Arletty (Kati Outinen), que sofre uma doença terminal, é internada em um hospital. Desdobrando-se entre estar com a mulher e esconder o garoto, Marcel recebe a ajuda de pessoas que jamais esperava ter como amigos.

Um dos grandes filmes sobre a solidariedade, a revelação do caráter e a busca da identidade, "O Porto" celebra o lado de bom que faz o homem construtor do progresso e da sua civilização.

Daí, sugiro que, caso se decida a assistir a esta obra de Aki Kaurismaki, apenas entre no cinema e se deixe levar. Aprecie como o cineasta expressa a ordem das ações humanas, para o bem e para o mal.

Cativante e de uma simplicidade exemplar, "O Porto" celebra a solidariedade e ação do bem que dá sentido a existência do homem. Obra com um radiante final feliz, "O Porto" trata do mistério que é a vida. Nada mais do que um puro e maravilhoso... milagre.

Leia mais em http://blogs.diariodonordeste.com.br/blogdecinema/

abril 04, 2012

A outra onda da literatura nórdica

A solidão, a ironia, a sensação de mal-estar por trás da imagem de aparente normalidade: é isto a “literatura nórdica”?
Nos últimos dois anos publicaram-se mais autores do que no último meio século. Só a “rentrée” deste Outono trouxe seis. Depois da vaga de romances policiais em que o gelo e a neve estão sempre presentes no local do crime, chegou a outra onda da literatura nórdica.

(José Riço Direitinho)



Quando há meia dúzia de anos a editora Cavalo de Ferro se aventurou a publicar regularmente autores nórdicos, poucos eram, até então, os que tinham sido traduzidos para português desde os anos 50. De entre os autores já considerados clássicos, pouco mais restava do que algumas traduções avulsas – espalhadas a esmo por diferentes editoras – dos livros da sueca Selma Lagerlöf, e devido ao êxito de “A Viagem Maravilhosa de Nils Holgersson”. Referimos
a década de 50 porque foi nessa época, curiosamente, que a literatura escandinava teve maior divulgação em Portugal, em grande parte graças ao que se ia publicando sobretudo em França. “Na década de 50, os autores nórdicos por cá divulgados passavam por ser uma extensão dos autores franceses. As traduções, feitas na sua maioria a partir do francês, eram, quase sempre – quando as comparamos agora com o original sueco, norueguês, ou outro – de qualidade duvidosa”, diz Diogo Madre Deus, editor da Cavalo de Ferro. Mas a moda parece ter passado depressa, pelo menos por cá, e grandes clássicos da literatura europeia, obras que influenciaram gerações de escritores e de leitores por todo o mundo, ficaram por traduzir. Romances como
Fome”, do norueguês Knut Hamsun – reconhecido como “o pai da literatura
moderna” e que influenciou as obras de Kafka, Thomas Mann, Herman Hess, entre outros – ou “Gente Independente”, do islandês Halldór Laxness – tido por alguns como o “avô inocente do realismo mágico latino-americano”, por causa da forte influência em Rulfo e em García Marquez – tiveram ainda que esperar durante muitas décadas para serem traduzidos para português, o que só viria a acontecer há poucos anos. Foi este nicho de mercado – não apenas o da literatura nórdica, mas também o de outras literaturas de línguas periféricas – que a Cavalo de Ferro veio ocupar. “Os editores são animais medrosos, arriscam sempre com muito cuidado os poucos passeios dados fora da jaula”, diz Diogo Madre Deus. “O mercado em Portugal deu sempre pouco azo a mártires iconoclastas.”

Apesar de alguns autores clássicos – e também contemporâneos, como Lars Saabye Christensen ou Jostein Gaarder – terem tido várias obras traduzidas ainda antes do “fenômeno Stieg Larsson”, foi só depois da chegada da “onda de policiais nórdicos”, coincidência ou não, que começou esta espécie de “mini-boom” de literatura escandinava – note-se que só na “rentrée” deste ano foram publicados meia dúzia de livros de autores do Norte da Europa (excluindo os
“policiais”): “O Centenário que Fugiu pela Janela e Desapareceu”, de Jonas Jonasson (Porto Editora), “Uma Vasta e Deserta Paisagem, de Kjell Askildsen, “A Visita do Médico Real”, de
Per Olov Enquist (ambos na Ahab), “A Arte de Chorar em Coro”, de Erling Jepsen, “Quando Mais Depressa Ando, Mais Pequena Sou”, de Kjersti Annesdatter Skomsvold (ambos na
Eucleia), e “A Purga”, da finlandesa Sofi Oksanen (Alfaguara).

Tiago Szabo, editor da Ahab, e um dos responsáveis pela publicação em Portugal de alguns dos mais importantes nomes das letras nórdicas atuais (Kjell Askildsen, Dag Solstad e Per Olov Enquist), é da opinião que o êxito da trilogia “Millennium” acabou por ser um grande impulso à
publicação, e que graças aos seus efeitos colaterais “os leitores descobriram que a literatura dos países escandinavos não se resume apenas ao gênero policial, e a verdade é que se têm mostrado mais abertos a conhecer outros escritores, clássicos e contemporâneos, de maior espessura.” Mas alguns dos motivos que sempre dificultaram uma maior divulgação das letras nórdicas continuam a existir. O fato de a grande maioria dos editores não ler línguas escandinavas, nem ter um conselheiro editorial de confiança que o faça, obriga a que seja preciso esperar pela tradução para outra língua mais comum, normalmente a inglesa, para poder avaliar a obra. Depois, persiste ainda a dificuldade em encontrar tradutores, pois, como nota o editor da Ahab, é difícil combinar num tradutor uma língua como o português com qualquer uma das faladas nos países nórdicos. “É uma combinação exótica e rara. Isto leva-nos a outro problema: como os tradutores se contam pelos dedos de uma mão, a produção dos livros é vagarosa.”

Mas também há editores cuja vantagem é o conhecimento dessas línguas, sobretudo as escandinavas: é o caso de João Reis, da Eucleia, que dos títulos publicados este ano metade é
de nórdicos – dois autores clássicos (o norueguês Alexander Kielland e o sueco Hjalmar Bergman) e dois contemporâneos (o dinamarquês Jepsen e a norueguesa Skomsvold, já nomeados atrás). Curiosamente, os quatro foram traduzidos pelo editor João Reis. Sobre as razões, óbvias, da dominância de autores nórdicos no ainda pequeno catálogo da Eucleia, diz: “Para além de existir um rico filão de autores por explorar, tenho facilidade em os descobrir, pois posso, na maioria dos casos, lê-los na língua original e traduzi-los eu próprio. No futuro, espero aumentar ainda mais a proporção de autores nórdicos nonosso catálogo.”


Tristeza ou melancolia

É correto falar de “literatura nórdica” como um todo? O que é que a torna diferente das outras literaturas? Entre outras coisas, há quem aponte a tendência para um aprofundamento lúcido dos problemas do indivíduo (a solidão, vícios como o alcoolismo, ou tão-só a procura de um qualquer sentido para a vida), associada a umfeito de frases incisivas, secas e curtas – que segundo o tradutor João Reis, deriva da gramática e da sintaxe das línguas escandinavas –, uma escrita transparente raramente isenta de ironia e que se inscreve numa tradição de narrativa urbana em que a natureza está sempre presente. A escrita nórdica explora a “sensação de mal-estar por trás da imagem de perfeição e aparente normalidade, neste sentido, é uma literatura única, singular”, diz Tiago Szabo, da Ahab. “É apegada à realidade, aos problemas da vida quotidiana e, ao mesmo tempo, muito íntima e melancólica, tendo as relações familiares um grande peso, sobretudo os conflitos latentes que as ensombram.”

João Reis, da Eucleia, contesta um pouco a opinião de que exista uma “literatura nórdica”, com características comuns, produzida nos diferentes países: “A literatura nórdica pode ser tomada como um todo em certos aspectos, mas existem particularidades. Por exemplo, considero a literatura finlandesa bastante diferente da escandinava, tanto por questões culturais, como por questões linguísticas.” No entanto, aponta várias características comuns, como sejam “a importância da natureza e do clima sobre a vida humana e os sentimentos, um humor típico – bem diferente do português – em que não há censura inconsciente, e que por vezes é bastante negro, e ainda a crítica religiosa, que é quase constante.”

Quando em Maio de 2010, em Oslo, o norueguês Kjell Askildsen falou ao Ípsilon (a propósito da publicação em Portugal de “Um Repentino Pensamento Libertador”), indignou-se bastante – aqui há que descontar a parte histriónica que usa para compor a imagem que cultiva, de um soturno e ferido “lobo solitário” – quando lhe perguntámos se achava que a literatura nórdica era triste. E respondeu que não, que de modo algum. Ainda contrapusemos com a tristeza e a desilusão que habita nas personagens que ele cria, ao que, ainda agastado, respondeu: “Mas isso são as minhas personagens…”.

Mais tarde, tivemos a possibilidade de falar com o norueguês Dag Solstad e com o dinamarquês Erling Jepsen, que tiveram a mesma opinião. No entanto, autores como Kjersti Annesdatter Skomsvold ou Edvard Hoem entendem que esse sentimento seja, de fato, o que emerge das narrativas nórdicas, mas ressalvam que não se trata de uma “tristeza apática” (Hoem), antes de uma ambiência (onde as histórias têm lugar) que contribui para que esse sentimento se instale
como uma marca na vida das personagens. Quando lemos romances como “Pudor e Dignidade” (Ahab, 2010), de Dag Solstad, ou “A Arte de Chorar em Coro” (Eucleia, 2011), de Erling Jepsen, é difícil não se ficar com a sensação de uma estranha e singular espécie de tristeza. Ou talvez
aquilo seja apenas melancolia.

“A felicidade é um obstáculo quase insuperável, não é particularmente fértil como matéria-prima literária, o drama e o conflito oferecem muito mais para dizer. Creio que isto é comum à maior parte dos escritores, e não apenas uma característica dos nórdicos”, diz Tiago Szabo, da Ahab.
Assim sendo, não diria que a literatura nórdica seja mais triste. O que poderá ter alguma influência nessa percepção é o facto de se tratar, em termos gerais, de uma escrita seca, com laivos de ironia, por vezes gélida, como se estivesse imbuída do clima rigoroso desses países.” O que de certa maneira corrobora as palavras do escritor Edvard Hoem. Mas o editor da Eucleia, João Reis, discorda, pois não acha que os autores nórdicos tenham uma escrita mais triste. Diz que essa ideia pode vir da importância dada na literatura à natureza, ao clima, e a certos vícios, e “em parte isso também resulta do fato de existir um acesso relativamente limitado à literatura desses países, o que não permite ler uma grande parte do que por lá se pública.”

Esta nova “onda” parece ter chegado para ficar, pelo menos durante mais algum tempo, quem o garantem são os três editores com quem falamos, que já têm um número significativo de obras contratadas, ou em vias disso, para 2012. Tiago Szabo resume as razões: “é uma literatura de muita qualidade e pouco explorada, e uma prova disso é o Nobel ter ido este ano para um sueco ainda não publicado em Portugal. Depois, o fato de as traduções serem generosamente subvencionadas, o que permite reduzir os riscos comerciais.” O que em tempos negros conta muito.

http://www.swedenabroad.com/SelectImageX/241693/11209IpsilonLitNordica.pdf