Certo dia de verão, Grieg estava viajando de Voss a Gudvangen, que fica à margem do Fiorde de sogn. Como de costume, o meio de transportante era charrte puxada por cavalo. No caminho, os viajantes passaram por lagos, montanhas, quedas d’água, pequenos sítios encravados em encostas e grandes propriedades em meio a vales verdejantes.
Em Stalheeim subiram a íngreme e sinuosa estrada, aproximando-se do hotel situado no topo da escarpa. Grieg viajava acompanhado de Sjur Helgeland, um grande rabequista. Sjur trouxera seu violino de Hardager e tocara durante grande parte do trajeto. Quando chegaram ao ao hotel, o proprietário reebeu a célebre visita, convidando Grieg a prestigiar, na mesma noite, um recital da “nossa nova e excelente orquestra”. Grieg recusou a oferta, desculpando-se com as seguintes palavras: “Esta noite estou com o Sjur”. A anedota, que mostra a admiração de Grieg pela música popular, ainda faz parte do repertório nos vilarejos da região. Com bastante frequência, Grieg convidava amigos compositores da Dinamarca, Holanda e Inglaterra para fazer caminhadas nas regiões aplpinas da Noruega. O inglês Fredrick Delius demonstrou tanta fascinação pelos fiordes e montanhas que Grieg e seus amigos passaram a chamá-lo de “Homem do Planato de Hardanger”.
Outro visitante assíduo foi o compositor holandês Julius Röntgen. Em agosto de 1891, ele encontrou Grieg em Lofthus. Os dois decidiram ir juntos a Jotunheimen – o maciço mais bravio e de maior altitude da Noruega. Iniciaram a aventura navegando pelo Fiorde de Hardanger rumo ao norte, antes de viajar por terra até Voss, Stalhein e Gudvangen. Depois seguiram caminho a remo, perfazendo 90 km no Fiorde de Sogn até o último vilarejo, Skjolden, que é o portal ocidental de Jotunheimen, Röntgen deixou um relato vivaz da subida de Skjolden até a região alpina:
Na riqueza da tradição folclórica, Grieg encontrou material para criar música de câmara, obras orquestrais, canções e peças para piano. Entre os instrumentos utilizados pelos músicos populares, o violino de Hardanger exercia especial fascinação sobre Grieg. Este violino de oito cordas, sendo quatro de ressonância, é considerado o instrumento nacional da Noruega.
Nas paragens interioranas de Fiorde de Hardanger e nos vilarejos próximos de Voss, a arte de tocar este violino sempre foi bastante apreciada, mantendo-se viva até os nossos dias. Hoje, cem anos após a morte de Grieg, podemos ver os mesmos vilarejos bucólicos e igrejas de madeira, rodeados por altas montanhas, geleiras e cachoeiras. O número de habitantes nas pequenas comunidades continua praticamente o mesmo. Preserva-se a cultura popular local ao mesmo tempo em que influências modernas são absorvidas. Os trajes típicos, as danças folclórica ainda fazem parte da vida cultural.
Desde meados do século XIX, Turtagro é o ponto de partida para montanhistas de diversos países que queiram conhecer o maciço de Jotunheimen. As caminhadas nestas serras inspiraram o famoso dramaturgo norueguês Ibsen a escrever a peça Peer Gynt, para a qual Grieg compôs a música incidental na década de 1870. Grieg fazia excursões e caminhadas em Jotunheimen, onde se via face a face com o “o grandioso”. É Shakespeare e Beethoven e o que quiser em essência pura! Não troco isso por uma dúzia de concertos com Orquestra do Gewandhaus de Leipzig”, declarava ele. O site www.noruegadegrieg.org.br apresenta, em português, informações atualizadas sobre todos os festivais.
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