"A cultura é tudo o que resta
depois de se ter esquecido tudo o que se aprendeu."
depois de se ter esquecido tudo o que se aprendeu."
"Ninguém pode livrar os homens da dor,
mas será bendito aquele que fizer renascer neles
a coragem para a suportar."
mas será bendito aquele que fizer renascer neles
a coragem para a suportar."
"A alegria é a dor que se dissimula -
à face da Terra só existe a dor"
(Selma Lagerlof)
Selma Ottilia Lovisa Lagerlöf, escritora sueca, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 1909.
Primeira mulher a conquistar o Prêmio Nobel de Literatura com livros de lendas e sagas suecas. Nasce Selma Ottiliana Lovisa Lagerlöf na cidade de Mårbacka. Forma-se professora e dá aulas em casa antes de ir para Estocolmo trabalhar em uma escola. |
Aos 15 anos, depois de ter dedicado toda a infância à leitura, Selma decidiu que seria escritora e passou a escrever milhares de versos. Por volta de 1880, a situação financeira da família entrou em declínio, e começou a fazer pequenos trabalhos para se manter. Em 1882, com a ajuda financeira de um empréstimo feito por seu irmão Johan, Selma entrou para a Kungliga höga lärarinneseminariet, escola que formava professoras e que se preocupava com a causa feminista, incentivando a independência e o progresso social da mulher. Durante dez anos foi professora.
Aos 27 anos, concluídos os estudos, foi nomeada professora de História em Landskrona. Em certa ocasião cortou os cabelos que sempre usara em tranças, num gesto que na época era escandaloso e visto como sinal de emancipação feminina.
Em 1885, a família de Selma, mediante a doença do pai e as dívidas do irmão Johan, perdeu Mårbacka. Secretamente, Selma desejava trabalhar o suficiente para recuperar a propriedade da família. Foi auxiliada pela baronesa Sophie Lejonhufvud Adlersparre, que a incentivou a publicar seus versos em Dagny, a revista literária feminista fundada por ela. Em 1890, participou de um concurso de contos com alguns capítulos de um romance que estava escrevendo, e ganhou seu primeiro prêmio em dinheiro. Em 1891, publicava o romance completo, A Saga de Gösta Berling.
Alfred Dalin, diretor da escola de Husqvarna, fez-lhe a proposta de um livro para crianças das escolas primárias, que ensinasse a história e a geografia de seu país. Selma aceitou, elaborando extensa pesquisa e viagens de estudo, concluindo entre 1906 e 1907 a obra A maravilhosa viagem de Nils Holgersson através da Suécia, alcançando tamanho sucesso que pôde realizar seu sonho: comprar novamente Mårbacka, em 1910. Em 1904, recebera a medalha de ouro da Academia Sueca; em 1907, fora nomeada doutora honoris causa da Universidade de Uppsala; em 1909, recebera o Nobel de Literatura.
No fim do século XIX, a literatura sueca era dominada pelo realismo naturalista. Selma Lagerlöf, com sua obra mesclada de gnomos, duedes e fantasmas, ao recriar a atmosfera ficcional das lendas e relatos populares, significou uma volta ao romantismo. Era vista, popularmente, como uma narradora que encarnava a arte dos contos populares.
Claes Annerstedt, que fez o discurso de recepção para Selma por ocasião da entrega do Nobel de Literatura, em dezembro de 1909, diria: "Para ela a natureza, mesmo inanimada, possui vida própria, invisível e contudo real".
Obras principais
- Gösta Berlings saga (1891) (trad. A saga de Gösta Berlings - 2007)
- Osynliga länkar (1894) (trad. Os Laços Invisíveis)
- Antikrists mirakler (1897) (trad. Os Milagres do Anticristo)
- Drottningar i Kungahälla (1899) (trad. As Rainhas de Kungahälla)
- En herrgårdssägen (1899) (trad. A Lenda da Quinta Senhorial)
- Jerusalém (del 1-2, 1901-02)
- Herr Arnes penningar (1904) (trad. O Tesouro (2007), Os Escudos do Sr. Arne)
- Kristuslegender (1904) (Trad. Lendas de Jesus Cristo)
- Nils Holgerssons underbara resa genom Sverige (trad. portuguesa: A Viagem Maravilhosa de Nils Holgersson através da Suécia)
- En saga om en saga och andra sagor (1908) (trad. De Saga em Saga)
- Liljecronas hem (1911) (tras. A Casa de Liljecrona)
- Körkarlen (1912) (trad. O Carroceiro da Morte)
- Tösen fran Stormyrtorpet (1913) (trad. A Rapariga do Brejo Grande)
- Kejsarn av Portugallien (1914) (trad. Imperador de Portugal)
- Troll och människor (del 1-2, 1915-21) (trad. Gnomos e Homens)
- Bannlyst (1918) (trad. O Exilado)
- Zachris Topelius (1920)
- Mårbacka (romance) (1922)
- Löwensköldska ringen (1925) (trad. O Anel dos Löwensköld)
- Charlotte Löwensköld (1925)
- Anna Svärd (1928)
- Ett barns memoarer (1930) (trad. Memórias de uma Criança)
- Dagbok för Selma Ottilia Lovisa Lagerlöf (1932)
- Höst (1933) (trad. Outono)
- Meli (1934)
- Från skilda tider (del 1-2, 1943-45, obra póstuma)
O primeiro romance, «A saga de Gösta Berling», de 1891 foi transposto para o cinema (1924), por Mauritz Stiller, tendo como protagonista Greta Garbo.
O seu mais fabuloso sucesso editorial foi «A viagem maravilhosa de Nils Holgerssn através da Suécia», publicado, em 1906 e que foi traduzido em muitas línguas. Da sua obra destacam-se ainda os romances: «Jerusalém», «O foragido», a trilogia «O anel dos Löwensköld», «O tesouro», «Os milagres do Anticristo» ou «O Imperador de Portugália»; livros de contos como «O livro das lendas» ou «De um lar sueco»; e vários livros de memórias.
Foi ainda uma militante das causas feministas e uma pacifista convicta. Durante a II guerra mundial ajudou vários intelectuais alemães a fugirem conseguindo-lhes vistos suecos. A poetisa alemã Nelly Sachs foi por ela salva de ser colocada num campo de concentração. Como símbolo da sua contribuição doou a sua medalha de ouro do prémio Nobel para os esforços nacionais de luta contra os Nazis.
A saga de Gösta Berling
Värmland, na Suécia, é famosa pela vida alegre e abastada dos ricos proprietários mineiros. O passatempo da moda é abrigar os aventureiros regressados das campanhas napoleónicas, homens viajados, com aventuras e experiências a partilhar que fazem deles o centro das atenções. Entre eles está Gösta Berling, muito mais novo e inexperiente, um padre renegado, jovem, brilhante, alegre, galante e sedutor. Berling conquista os corações de todas as mulheres e é um líder natural entre os homens. Numa dessas noites, Sintram, o ferreiro, aparece vestido de diabo e sugere um pacto que Gösta Berling deve assinar em sangue. Este é o começo do ano que vai marcar o fim de Värmland... Obra-prima da literatura europeia, escrito por Selma Lagerlöf, a primeira mulher a ganhar um prémio Nobel de literatura, este romance belíssimo cruza várias épocas e relatos que vão desde a lenda fantástica ao romance psicológico, da aventura histórica à fábula moral. Uma obra que segue a estrutura das sagas nórdicas e retoma de forma inteiramente original o tema do homem dividido entre o bem e o mal.
Os Milagres do anticristo
Numa pequena cidade costeira, os habitantes perguntam-se o que se passa com a natureza: é quase Verão e o mar continua gelado. Três soldados, nobres escoceses, aguardam que o seu barco desencalhe para partirem com um misterioso baú. Um deles, um homem elegante e bem vestido, reconhece a jovem Elsalill, que trabalha na estalagem após ter escapado aos assassinos que mataram toda a sua família. Elsalill não se lembra deste homem e dentro dela nascem emoções fortes que colocam a sua vida em risco.
Os Milagres do anticristo
Romance magistral e um dos mais representativos na Obra de Selma Lagerlöf, «Os Milagres do Anticristo» conta-nos a história de um ícone religioso – e de uma sua réplica com a inscrição O Meu Reino É Só Deste Mundo. A história começa em Roma, no tempo do imperador Augusto, no exacto momento em que este se prepara para ordenar a construção de um novo templo consagrado a si próprio. Uma visão adverte-o de um futuro culto que a sua cidade dedicará a Cristo, e o templo é consagrado a este novo Salvador do mundo. O ícone que o representa atravessa séculos e lugares. A sua réplica, feita por um viajante, chega a uma pequena aldeia no monte Etna, onde começa a fazer milagres até se descobrir a sua identidade profana.
Selma Lagerlöf |
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